domingo, 9 de março de 2014

Quais as causas do atual conflito na Ucrânia?
            A  exemplo de outros conflitos que vem ocorrendo no mundo, a Ucrânia está passando por uma crise interna e, ao mesmo tempo, desperta o interesse das grandes potências, como Rússia, Estados Unidos e União Européia (UE), para definir seu futuro: ingressar na União Européia ou continuar aliada à Rússia? 
          A Ucrânia está na mira dos países da União Européia e da Rússia, que têm interesses contraditórios: enquanto os europeus têm interesse em expandir suas fronteiras para o leste e isolar a Rússia, Moscou quer aumentar sua zona de influência e aproximar-se da UE para confrontá-la. Neste sentido, um grande conflito está ocorrendo e dividindo o país em lados opostos: de um lado o leste pró-Rússia e do outro o oeste pró-Europa.

         A Ucrânia, uma ex-república da antiga União Soviética, é um país marcado por uma história de invasões e saques de povos mongóis, lituanos e tártaros. Depois vieram os russos, com a implantação do comunismo, a opressão de Josef Stalin (1879-1953) e a tragédia da fome. Para ter acesso a mais informações sobre a história da Ucrânia, leia a reportagem "Ucrânia, um país com um histórico de tragédias", da revista Veja. 
         A Ucrânia é alvo da cobiça das potências européias, mas ainda vive sob a sombra da Rússia. O país chama atenção por vários motivos, entre eles:
·              Potencial econômico e posição territorial estratégica. Em 2004, o país possuía uma das maiores usinas de aço do mundo - com 42 mil empregados e lucro bruto anual de 300 milhões de dólares, além de ser o 8º país do mundo com maior reserva de carvão e a maior proporção de titânio (vital para a produção de aço).
·              Outro motivo é o seu solo extremamente rico e responsável por uma grande produção agrícola. Em relação ao tamanho, destacamos seu território de mais de 600.000 quilômetros quadrados (área maior que a da França, o maior país da União Européia) e sua população de cerca de 44 milhões de pessoas. Por fim, sua localização: o país é para a UE a porta de entrada do Oriente e, para a Rússia, a porta de saída para o Ocidente.


Fonte: Nova Escola - Consultoria Clodoaldo Gomes Alencar Junior
mestre em Geografia pela PUC-SP e professor de Geografia 



O impacto dos conflitos na Ucrânia   05/03/14 00:05  Diário Econômico

          A crise na Ucrânia tornou-se um cocktail explosivo de jogos diplomáticos, interesses econômicos e manobras militares. Há demasiado em jogo neste conflito, desde acesso a portos estratégicos ao controlo de parte significativa da distribuição de gás natural na Europa, passando por um braço-de-ferro político onde se tenta discutir quem tem mais poder ou manda mais numa determinada região do globo.

          E certo é que os lados se começam a alinhar: num está à autoritária Rússia a ameaçar com invasões, ataques e cortes no fornecimento energético à população ucraniana, no outro estão Europa e Estados Unidos a forçar a paz à custa de sanções econômicas e da exclusão dos grandes fóruns de decisão mundial, como o G

Ninguém quer acreditar que o mundo está à beira de uma nova guerra fria, mas o braço-de-ferro entre Rússia e Ocidente começa a desenhar-se e a deixar reféns, não apenas os cidadãos ucranianos (as principais vítimas desta crise), mas também as bolsas e as economias, em especial da zona euro. O que, numa altura em que a recuperação econômica ainda apresenta grandes fragilidades, é deveras preocupante e pode abalar a confiança, ainda fresca, das empresas, dos investidores, dos consumidores. Por isso, mais do que exibir controlo econômico ou poder militar, os governantes mais próximos ou envolvidos neste conflito têm o dever de forçar uma solução diplomática para a crise ucraniana. Porque o seu impacto bom ou mal vai muito para além das suas próprias fronteiras.



Linha Direta    28 DE FEVEREIRO DE 2014
Com metade da população russa, a Criméia é o novo foco do conflito ucraniano
REUTERS/Baz Ratner
          O bloqueio de dois aeroportos da Criméia por soldados supostamente russos e a votação, pelo Parlamento da Rússia, de uma nova lei que facilitaria a anexação de territórios, que pode ocorrer hoje à tarde, compõem um cenário cada vez mais propenso ao separatismo no sul da Ucrânia. O correspondente da RFI em Moscou, Rinat Valiulin, contam quais são as peças no tabuleiro deste episódio de desfecho incerto às margens do Mar Negro.
          O centro do conflito ucraniano já há alguns dias se deslocou da Praça (ou "Maidan") da Independência, na capital da Ucrânia, para a Península da Criméia. A República Autônoma da Criméia faz parte da Ucrânia a partir de meados dos anos 50, quando o então líder soviético Nikita Khruschev fez passar esta região, pitoresca e antiga, à República Socialista Soviética da Ucrânia. Sua sucessora, a Ucrânia atual, como país independente, desde os anos 90, quando a URSS de desuniu deixando de ser o maior império comunista, recebeu a Criméia como "herança", entretanto, muito contraditória e potencialmente conflituosa.

Quem vive na Criméia
Entre as forças políticas que atuam no episódio estão, primeiro, os russos, representam mais de metade da população da Criméia e querem que ela faça parte da Rússia, como antes. Segundo, são ucranianos, mais voltados para o "Maidan" da Independência e para suas ideias de associação com a Europa Ocidental. E a terceira etnia, além de outros menores, são os chamados tártaros de Criméia.
Este é o povo que vive na região há vários séculos, que foi deportado da Península para a Sibéria, condenado como "colaborador" dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, mas que voltou a sua terra, já nos anos 90. De fora, como é evidente, é a Rússia que quer manter a sua influencia na Ucrânia, para não deixá-la "fugir" para a Europa.

Aeroportos tomados
Desde a noite de quinta-feira o parlamento da República Autônoma da Criméia, parte integrante da Ucrânia, está ocupado por dois grupos de algumas dezenas de militares fardados, mas sem insígnias. Informação via twitter dizem que habitantes de Simferopol, capital da Criméia, não duvidam de que são militares das forças especiais russas. Segundo o correspondente da rádio independente russa Eco de Moscou, o aeroporto da capital da Criméia está invadido por militares, também sem insígnias que pudessem indicar a que país pertence.
O aeroporto Balbek, também na Criméia, está ocupado por militares da Rússia, como diz diretamente a agencia local Interfax. Outra notícia é que pelos menos dois navios de desembarque da Frota do Báltico da Federação Russa encontram-se atualmente próximo do litoral do Mar Negro, na zona da Península da Criméia.

Intervenção russa
As declarações da parte de Kiev, que acaba de ter o novo governo e o novo primeiro-ministro, diz que a Rússia não deve nem pensar em uma intervenção e que isso terá consequências imprevisíveis. O líder russo Vladimir Putin simplesmente não faz comentários sobre a Ucrânia.
A Rússia tem cerca de mil objetos militares na Ucrânia, principalmente de infra-estrutura naval e também de logística e comunicação, com 14 mil pessoas dispersadas por todo o país. Segundo o acordo entre os dois Estados, numa situação de conflito elas devem permanecer em quartéis, sem poder interferir de forma alguma. Na opinião de alguns analistas independentes, o presidente Putin encontra-se agora perante um dilema muito duro. Ele pode fazer com que a Criméia se separe da Ucrânia e passe eventualmente à Rússia. Com isso ele vai "adquirir" o isolamento da parte do Ocidente, um embargo. Cedendo e obedecendo às normas éticas do mundo civilizado, ele ficará nele como um jogador ativo, forte e respeitado.





Crimeia comemora referendo


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