Virando a página
Muito já se falou sobre a derrota do Brasil na Copa, inclusive sobre o sofrimento das crianças e o aprendizado diante da dor. Foram eleitos os culpados. Falou-se das questões emocionais, do "apagão" diante da responsabilidade. Das improvisações. Da falta de preparo.
O próprio técnico, Felipão, disse que quem aceita desafio corre riscos. Era ele um ídolo por ter sido o técnico do penta. E agora? É incrível como alguém deixa de ser ídolo para ser vilão de uma hora para outra. E vice-versa. O goleiro Júlio Cesar, tão criticado, virou herói no jogo contra o Chile.
O país parou para ver seu time jogar. Os jogadores tinham a responsabilidade de vestir a camisa com as estrelas de pentacampeões do mundo. E perdemos. E sofremos. Mas é preciso virar a página.
No dia do jogo, virando as páginas de um livro, deparei-me com uma história escrita pelo afegão Atiq Rahimi: "Terra e cinzas". Um conto comovente sobre a guerra. Quase um recital em defesa da paz.
A história se passa entre um avô e seu neto. Toda a família morreu na guerra. As bombas dilaceraram as vidas em que corriam os mesmos sangues. O avô busca seu filho junto com o neto, que busca o pai. Saem juntos em meio à poeira da estrada, inundados pelas lembranças dolorosas, mas com esperança. A criança ficou surda nos bombardeios. Mas não sabe.
Acha que a guerra roubou a voz do avô. E, sem voz, o avô não poderá mais contar as histórias que tanto embalaram seus dias felizes. E segue o livro. E segue a vida. Há problemas sérios a serem enfrentados pela humanidade. As guerras que persistem. As tantas formas de violência. Os preconceitos. As dores vividas por famílias carentes de tudo. O calvário do atendimento à saúde. O desperdício de talentos por causa de uma educação que não educa.
Que as derrotas nos sirvam de aprendizagem, mas que não nos paralisem, não nos roubem a voz. Há outras páginas a serem lidas, a serem escritas, a serem vividas.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 11/7/2014
No dia do jogo, virando as páginas de um livro, deparei-me com uma história escrita pelo afegão Atiq Rahimi: "Terra e cinzas". Um conto comovente sobre a guerra. Quase um recital em defesa da paz.
A história se passa entre um avô e seu neto. Toda a família morreu na guerra. As bombas dilaceraram as vidas em que corriam os mesmos sangues. O avô busca seu filho junto com o neto, que busca o pai. Saem juntos em meio à poeira da estrada, inundados pelas lembranças dolorosas, mas com esperança. A criança ficou surda nos bombardeios. Mas não sabe.
Acha que a guerra roubou a voz do avô. E, sem voz, o avô não poderá mais contar as histórias que tanto embalaram seus dias felizes. E segue o livro. E segue a vida. Há problemas sérios a serem enfrentados pela humanidade. As guerras que persistem. As tantas formas de violência. Os preconceitos. As dores vividas por famílias carentes de tudo. O calvário do atendimento à saúde. O desperdício de talentos por causa de uma educação que não educa.
Que as derrotas nos sirvam de aprendizagem, mas que não nos paralisem, não nos roubem a voz. Há outras páginas a serem lidas, a serem escritas, a serem vividas.
Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 11/7/2014
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